Os caminhos para um mundo mais sustentável

 

A política do carbono zero caminha a passos largos para ser uma realidade mundial. Mesmo os países que admitem não conseguir colocá-la em prática imediatamente já assumem que agem para, em algumas décadas, diminuírem consideravelmente a emissão de gases estufa na atmosfera – como é o caso da China, por exemplo, que assume um pico da sua demanda de combustíveis fósseis para 2030, mas reitera o compromisso do carbono zero até 2060.

 

O setor energético é um dos principais responsáveis pela geração exacerbada de gases poluentes na atmosfera. Seja na geração de eletricidade através de fontes fósseis, seja na queima de combustíveis no transporte rodoviário e na aviação, os danos para o planeta são consideráveis e mudanças imediatas são fundamentais.

 

No Brasil, que é considerado um dos países com a matriz energética mais diversa e sustentável do planeta, a meta é reduzir em 37% as emissões até 2025 em relação ao que era em 2005, segundo o Ministério do Meio Ambiente em sua participação no Acordo de Paris. A meta, porém, se depara com um importante entrave: a descoberta do petróleo na Margem Equatorial, na região da Amazônia. É estimado que a exploração de petróleo dessa bacia seja capaz de render até 3 trilhões de reais, um valor considerável capaz de impulsionar a economia do país.

 

Mas qual é o preço do dinheiro?

 

Os debates são quentes, e organizações com diferentes objetivos defendem seus pontos com argumentos importantes. De um lado, a indústria petrolífera garante a importância da exploração para a economia brasileira de forma a aliar desenvolvimento ecológico e econômico. De outro, o setor ambientalista e os representantes da sociedade civil da região colocam em questão o impacto que as ações de perfuração causariam ao meio ambiente e relembram que o foco no momento deve ser, em primeiro lugar, a luta contra as mudanças climáticas.

 

Em um ciclo de debates realizado na Estação das Docas, em Belém, chamado “A Transição Energética – O petróleo inviabiliza as fontes limpas?”, a executiva do setor de energia e professora Fernanda Delgado garantiu a viabilidade do novo empreendimento se tratando de sustentabilidade:

 

“Não significa que não tenhamos metas e um papel a cumprir, muito pelo contrário. Mas os processos acontecem em paralelo, você traz desenvolvimento ecológico e econômico. Até porque essa exploração é feita de forma muito mais contemporânea e com mais eficiência energética e tecnologias modernas (…) Ela gera emprego, renda, tributos e desenvolvimento tecnológico”

 

Em outro evento, promovido pela Associação do Ministério Público do Estado do Pará (Ampep), com o tema “A produção de energia na Amazônia”, representantes de comunidades regionais foram enfáticos ao se posicionar contra o projeto de exploração:

 

“Consideramos que a exploração de petróleo aqui na Margem Equatorial é um equívoco monumental, assim como foi a hidrelétrica de Belo Monte. Os povos já estão falando, os que habitam na região sabem o que vai acontecer, o mais justo é ouvir quem diretamente pode ser impactado por essa exploração. O nosso posicionamento é enérgico em dizer que somos contra essa exploração, porque sabemos que isso não vai trazer desenvolvimento para o nosso território; pelo contrário, vai provocar injustiça social”

 

Ambos os argumentos possuem pontos fundamentais para o futuro do país e do planeta. Aliar o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento sustentável, investindo em energias limpas e levando a produção industrial petrolífera para o nível mais sustentável possível é imprescindível nesse caminho. Avaliar todos os possíveis impactos ambientais, porém, também é essencial – tanto para o meio ambiente quanto para a vida dos habitantes da região.

 

Salvar o planeta não é uma missão simples, e precisamos estar ligados em todas as informações para podermos nos posicionar e agir da melhor maneira possível.

E você, o que pensa dessa situação?

Consegue imaginar outros caminhos possíveis para a conciliação da transição energética com a exploração do petróleo?

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